quinta-feira, 3 de outubro de 2013

A filosofia da educação e a Pesquisa em Nietzsche

Nietzsche tem resistência a qualquer tipo de valoração antecipadamente apresentada como certa ou errada. Desenvolve uma suspeita em relação às verdades e valores morais estabelecendo um trabalho de desmontagem desses pressupostos por meio de estudos históricos e genealógicos. A possibilidade de um pensamento mais livre seria uma reinvenção contínua de si mesmo, deixando para trás qualquer tipo de segurança teórica mais perene. Por meio da noção do espírito livre o autor rouba os sentimentos mais sublimes de seus redutos, rouba os idealismos para descontruir seus fundamentos visando fazer pensar. Os espíritos livres podem ganhar e desenvolver tempos e espaços para investigar as amarras metafísicas da formação humana. O espírito livre não é livre para viver conforme sua própria referência, mas para aceitar colocar em questão qualquer referência para continuar inventando e pensando. Essa realidade não é o estabelecimento do terreno movediço, sem qualquer estabilidade. Antes disso é o questionamento dos pontos fixos e a necessidade de enfrentá-los. As estabilidades existem, são históricas, contingenciais, mas sempre provisórias.
Seguindo propostas indicadas por Nietzsche, parece que hoje deveríamos desencadear um processo no qual cada um possa “chegar a ser o que é”. Implica a defesa no sentido de que cada indivíduo alcance sua própria forma e identidade. Esse voltar-se para si mesmo é como diz o autor, o “efeito da melhor arte e constitui, talvez, o núcleo e a grandeza da experiência estética.” Esta é uma bela imagem da docência: conduzir alguém até si mesmo, assim como é um desafio para quem aprende. Aprender não significa repetir, tornar-se discípulo do outro, mas encontrar sua própria forma depois da experiência obtida e vivenciada.
A ideia de formação indicada por Nietzsche implica uma “vontade de potência”, que é uma atitude afirmativa diante da vida, que pode levar o ser humano a uma máxima intensidade organizativa. Trata-se de ousar como um artista ao produzir uma obra de arte, inventando e produzindo uma forma nova de expressar conceitos, valores e convicções. A viagem de formação não é uma viagem alienada, sem ritmo, mas um andar vibrante que se fortalece por meio de diferentes sensibilidades.
Processos formativos não podem inserir-se na lógica da obediência e da regulação. Ainda que em algum momento sejamos capturados por esse cenário, é preciso estabelecer estratégias de resistência, “desterritorializar” os princípios, as normas dos grandes mapas educacionais, gerando brechas, alargando a estreiteza do olhar e das práticas já concebidas. Como será que nos inventaríamos, afinal sempre fomos inventados pelos outros?
O cuidado de si implica, portanto, esse cenário, bem como a relação com o outro, que nos faz compreender a dimensão profissional como uma prática de liberdade. A ética e a estética dos processos de formação estão a exigir a reinvenção dos espaços públicos e políticos que jamais deveriam esgotar-se em uma vontade de verdade. Talvez a questão hoje exija sabedoria para administrar a dissonância, a diversidade de práticas e projetos construindo outras práticas sociais.
Os estudos previstos no campo da filosofia da educação precisam garantir a especificidade da filosofia que implica filosofar e não definir dogmaticamente conteúdos, estratégias, técnicas e verdades. De início é bom lembrar as primeiras indicações da filosofia, quais sejam: suspender nossas ideias e opiniões imediatas, duvidar de nossas crenças, virtudes, e indagar, problematizar e refletir sobre as questões colocadas pela própria vida. Neste contorno teórico a pesquisa em Nietzsche na linha de filosofia da educação tem priorizado:
a)      Discutir o conceito de formação, buscando tocá-lo considerando a dimensão da tragédia, da estética e da experiência.
b)      Refletir sobre o conceito de espírito livre em Nietzsche
c)      Inserir a genealogia como conteúdo e método da filosofia da educação
d)     Iniciar estudos que promovam interfaces entre Filosofia e literatura

Texto de: LÚCIA SCHNEIDER HARDT

O mapa Conceitual

 Quando falamos de Nietzsche, em uma longa parte e em todo o momento, falamos na essência do Ser humano; a natureza; o Ser como um ser pensante; o Ser progressista de si mesmo; a vontade de potência; o Super-Homem.
Existem vários conceitos sobre Nietzsche, mas o que iremos abordar serão os principais princípios da Antropologia filosófica, da Epistemologia e da Axiologia, pois eles contribuem para o conhecimento identificando a essência do Ser humano.
A Antropologia filosófica Nietzschiana é o principal dos principais pontos para a análise do contexto geral, pois, se falamos do conhecimento ou dos valores do Ser humano, é na essência dele que tudo estará contido e que tudo isso diz a respeito de sua filosofia. Nietzsche infunde a "vontade de potência" que eleva o Ser humano a uma máxima intensidade.